ATA DA SEXAGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO SOLENE DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 27.10.1988.

 


Aos vinte e sete dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sexagésima Terceira Sessão Solene da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada a entregar o Prêmio Lupicínio Rodrigues ao Conjunto Musical “Os Serranos”, concedido através do Projeto de Resolução n.°17/88 (proc. nº 854/88). Às dezoito horas e dois minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Mano José, 2.° Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo a Sessão; Dr. Dilan Camargo, Conselheiro do CODEC, representando, neste ato, o Prof. Carlos Appel, Secretário Executivo do CODEC; Compositor  Túlio Piva; Senhores Edson Dutra, Amaro Peres, Luis Tadeu Paim, Everton Dutra e Valter Jaeger Júnior, componentes do Conjunto Musical “Os Serranos”; Ver. Hermes Dutra, proponente da Sessão e, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, foi ouvido número musical interpretado pelo Conjunto “Os Araganos”. Em continuidade, o Sr. Presidente registrou a presença, no Plenário, do Dep. Moncks e concedeu a palavra ao Ver. Hermes Dutra que, em nome da Casa, disse que a presente homenagem resgata o compromisso de Porto Alegre de reconhecer, de modo oficial, a importância da música dos Serranos no contexto social e como veiculadora do folclore riograndense. Ao finalizar, declarou que a música dos Serranos há muito já ultrapassou as fronteiras gaúchas, levando o espírito campeiro para toda a população brasileira. A seguir, o Sr. Presidente convidou o Ver. Hermes Dutra a proceder à entrega do Prêmio Lupicínio Rodrigues ao Conjunto Musical “Os Serranos”. Após, foi ouvido mais um número musical interpretado pelos “Araganos”. Em continuidade, o Sr. Presidente convidou o representante do Conjunto “Os Araganos” para proceder à entrega do Troféu Frade de Pedra ao Conjunto “Os Serranos” e concedeu a palavra ao Sr. Edson Dutra que, em nome dos Serranos, agradeceu a homenagem prestada pela Casa. A seguir, foi ouvido número musical interpretado pelos Serranos. Em prosseguimento, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade, convidou as autoridades e personalidades a passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezenove horas e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Mano José e secretariados pelo Ver. Hermes Dutra, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Hermes Dutra, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1.ª Secretária.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença, em nossa Câmara, o que muito nos honra, do Dep. Moncks. Damos seguimento à presente Sessão, informando que o Ver. Hermes Dutra, proponente da homenagem, falará em nome da Câmara Municipal, e está com a palavra.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, Ver. Mano José presidindo os trabalhos, nesta Sessão Solene, Ilustríssimo Sr. Dr. Dilan Camargo, Conselheiro do CODEC, representando o Professor Carlos Appel, ilustre compositor Tulio Piva, representando os compositores gaúchos, esses que sob a inspiração do sol, da terra, do pampa, enfim sob aquela inspiração que brota do coração e escrevem as músicas que nos encantam, prezados Serranos, que quase metade é Dutra, mas, infelizmente, não somos parentes, digo infelizmente, porque parentesco desses é credencial, prezado Edson Dutra, Amaro Peres, Luiz Tadeu Paim, Everton Dutra e Valter Jaeger Junior que integram esse conjunto, que já não é mais um conjunto do Rio Grande do Sul, é na verdade um conjunto que leva ao Brasil e à América a música do Rio Grande do Sul; lendo, neste fim de semana, que passou, enquanto me deliciava aos acordes das belas músicas que tocavam lá no Farrapos, no dia em que receberam o disco de Ouro pela excelente vendagem, do seu último LP, lia uma opinião do Edson Dutra expressa na Revista Pampeana e dali tirei uma frase que me marcou, profundamente, dizia o Edson “que daqui, 100, 200, 300, 400 ou 500 anos o bugio será sempre o bugio”. Não importa se tocado ao som macio e dolente de um violão dos mais simples, ou solado por uma guitarra, altamente, sofisticada, por uma gaita moderna injetada por equipamentos eletrônicos, ou por uma simples sanfona, daquelas bem empoeiradas que se guarda nos baús de nossas recordações.

E, é verdade, esta frase tem um profundo significado e que peguei como mote para iniciar, isso que não um discurso, meus prezados amigos componentes dos Serranos. É na verdade a manifestação que brota do coração de alguém que como vocês nasceu lá no interior, e que pelos caminhos do destino, veio dar com os costados na Capital do Estado. E, por aqui tenta buscar o caminho para chegar naquele lugar que todos nós lutados e, que, mais cedo ou mais tarde, um dia haveremos de encontrar.

O homem do interior não é diferente do homem da Capital, mas traz na sua essência aquilo que só a terra lá de fora lhe dá: esse amor por dentro, e que se procura colocar para fora a qualquer instante, a todo o momento, mas que a Cidade grande abafa, que a Cidade grande tente controlar, tenta encurralar e ele se sente, muitas vezes, um prisioneiro do asfalto; às vezes um diferente no meio dos edifícios. Mas, isso faz parte da nossa sociedade, e o homem do interior vem para Porto Alegre e cria, aqui, também suas raízes. E esta Cidade que recebe tão bem, tantos e tantos que vem para aqui, uns desiludidos, outros na busca do aperfeiçoamento e de melhorar o que tem de bom dentro de si.

Esta Cidade nos acolhe com amor, com carinho e dedicação. Eu fico lembrando que nós da fronteira, eu sou de Cacequi, nasci lá mesmo, não é para me qabar, naquela região da campanha, temos algumas diferenças com os gaúchos da serra, nós achamos que somos mais gaúchos que eles, e eles também acham que são mais gaúchos que nós; mas temos a nos unir uma coisa em comum: é que se os campos lá em Bom Jesus são em cima da Serra, a única diferença é essa, lá na fronteira os campos são planos, quando muito ondulados por uma coxilha. E nos une esse amor pelo chão, esse bem-querer pelas coisas nossas e, sobretudo, esse amor pela música; esse prazer que temos quando ouvimos um simples cantar, um simples tocar de um acordeon, ou quando ouvimos um apurado chamané, cantado tão brilhantemente pelo Serranos, como, por exemplo; aquele cujo título já faz com que se erice os nossos pêlos quando se vê eles cantando: “pelos, não há pêlos que fiquem em pé”. Então, na verdade, essas coisas o homem do interior trouxe para a Capital e aqui se juntou com aquele que aqui nasceu. E, quando vejo na Mesa, por exemplo, o Túlio Piva, o do Pandeiro de Prata, que nasceu no Morro e que teve a lua, como ele diz, como cobertor, na verdade, não há diferença entre esse que é urbano e aquele que se denominou chamar de rural, o homem do interior. Não, não há. Diferente, talvez, sejam os termos, mas o que nos une no fundo é a mesma dose de amor que temos pelo que é belo e pelo que é bom. Esse ato de hoje tem esse significado, que é o de resgatar para a memória da Capital, para a memória da Cidade, numa época que não é das melhores de se homenagear, porque é eleitoral, mas resgata para a memória da Cidade o compromisso que ela tinha de reconhecer de forma oficial, para que os Anais da Casa registrem e daqui a 100, 200 anos, quando os netos dos netos de vocês, quem sabe um dia, folheando os Anais da Câmara, encontrem um monte de Dutras a falar sobre a música do Rio Grande. Esta homenagem tem este sentido que a Casa do Povo sabe receber, porque ela é o próprio extrato da sociedade, porque os que vieram para cá vieram eleitos. Então, eles sentem e, aliás, tem a obrigação de sentir aquilo que o povo tem por dentro. E o amor a essas coisas do Rio Grande que a sociedade numa forma um pouquinho hipócrita, temos de reconhecer, tenta de uma forma subliminar esconder ou tapar, como se ser gaúcho, como no Poema do Marco Aurélio, no qual dizia sou gaúcho e me basta, como se isto fosse uma demonstração de subcultura. Não, não é verdade. É uma falsa imagem que alguns pseudo intelectuais tentam vender, mas a prova maior de que isto não é verdade é que se colocarmos em qualquer esquina da Metrópole, na movimentada Esquina Democrática, na Borges com a Andradas, a uma esquina qualquer na Zona Norte ou na Zona Sul, se colocarmos ali um gaiteiro ou um violonista, a tocar músicas do Rio Grande, não tenho dúvidas de que, dali a pouco, há um assanhado querendo declamar uma poesia e dali a um pouquinho já está sendo feita a festa. Por que isto está dentro do homem de Porto Alegre? Porque ou ele é do interior ou recebeu, neste casamento desta cultura urbana com a cultura rural, e assimilou isto. Então, esta homenagem, meu caro Édson, para representar o conjunto, tem também este significado, de mostrar que a Porto Alegre, a Capital, a metrópole, não ignora este fato; ao contrário, ela sente, porque ela tem até mesmo obrigação de assim o fazer. Devo falar também do conjunto que é homenageado, afinal de contas não posso ficar aqui a dar vazão a esse coração que, realmente, bate um pouquinho mais forte, quando ouve música gaúcha. Mas, o que eu vou falar de um conjunto, no ano em que eles completam o seu 20.° aniversário e recebem um disco de ouro e fazem um fandango, em que eu dizia há pouco ao Édson, que está se tornando até impossível de dançar, tal é o volume de gente que se agrupa nas portas, tentando entrar, não importando o preço, não importando se tem mesa, eles querem é ouvir e dançar ao embalo dos Serranos. Então, acho que, mais do que palavras, esses atos representam o maior reconhecimento a vocês. Esse conjunto que iniciou lá no interior, em Bom Jesus, com dois e, como é natural em todos os corpos  sociais, ao longo do tempo, uns saíram e outros entraram, mas sempre com aquele aspecto de se aprimorar e bem fazer a música do Rio Grande, hoje se projetou. E se vocês forem querer contratar Os Serranos para tocarem num baile, numa festa, tratem de programá-la para o ano que vem ou até mesmo, se for uma data muito festiva, para 1990, porque a agenda deles é uma agenda que anda permanentemente repleta, porque o seu conceito já ultrapassou as barreiras do nosso Estado. E quando viajam vão para o Brasil Central, ou até mesmo para o Nordeste, levando a música do Rio Grande, estão, sim, exercendo urna profissão da qual vivem, mas estão, também, levando um pouco de cada um de nós aos nossos irmãos distantes, longe, mostrando que o Rio Grande, aqui, continua em pé com a bandeira, firme, como se fora uma bandeira dos fortes a andar pelas plagas do Brasil mostrando o velho Rio Grande, o Rio Grande Farroupilha, fisionomicamente não existe mais, mas o espírito, este permanece. Lá já se vão 151 anos, 152, mas o espírito, cada ano que passa, mais se fortalece.

E este conjunto tem sido um divulgador maior das músicas do nosso Estado. O Prêmio Lupicínio Rodriques, que foi instituído pela Câmara Municipal, tem também algumas coincidências muito felizes. O primeiro prêmio outorgado pela Câmara foi a um conjunto gaúcho que está aqui, hoje, pois veio cantar aos Serranos, são os Araganos. Foi o primeiro. Este, se não me engano, é o quarto que a Câmara concede, desde a sua instituição. E é novamente a um conjunto que canta a música do Rio Grande. Isto também tem um significado. Não que não tenhamos valores da chamada música popular  ou até mesmo da nossa música mais erudita, música mais clássica. Não, temos e dos bons, mas, na verdade, como eu disse, representa que esta Casa conhece e sabe quais são os anseios dos que habitam, dos que vivem, dos que sentem prazer, dos que se angustiam, enfim, de quem, nesta Cidade, leva um maior ou menor grau de dificuldade, a sua vida.

E este Prêmio coincidiu com os 20 Anos dos Serranos. Que é uma data apenas, porque eles não ganham o prêmio por isso. Vinte anos, qualquer um faz. Agora, vinte anos de sucesso e, sobretudo, de aprimoramento a nos mostrar que o vigésimo primeiro será melhor que o vigésimo, e assim por diante, fez com que esta Casa não se esquecesse dos Serranos no último ano da atual Legislatura, posto que, no ano que vem, haverá uma nova Legislatura na Casa.

Então, todo este significado da Sessão, do prêmio, da música, na verdade, Edson, Toco, Amaro, Iti e Quico - eu até anotei os apelidos - representa, fundamentalmente, a demonstração do grande amor que nós temos pelo Rio Grande e de que vocês são a verdadeira expressão viva. Eu quero, em nome da Casa, em nome de todos os Partidos que aqui têm representação, desejar-lhes o maior sucesso, mas muito sucesso mesmo e que, neste andar permanente pelo Brasil afora, vocês consigam crescer cada vez mais porque, em crescendo vocês, crescemos nós gaúchos, que ficamos aqui, muitas vezes a amargar saudade, mas que sabemos mitigá-la quando ouvimos um disco ou uma fita de um conjunto da estirpe de vocês. Parabéns, Serranos! Parabéns mesmo. Vocês merecem o prêmio que estão a receber. Mas esta Casa também está de parabéns, porque saber reconhecer também é motivo de parabenização.  Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR.PRESIDENTE: A seguir, fazendo parte desta solenidade,teremos uma apresentação do Conjunto Musical “Os Araganos” que, com sua apresentação, pretendem homenagear o Conjunto Musical “Os Serranos”.

 

(O Conjunto Musical “Os Araganos” faz a sua apresentação com a música “Judiaria”, de Lupicínio Rodrigues.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Ver. Hermes Dutra que faça a entrega do Diploma que confere o Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues a “Os Serranos”.

 

(É feita a entrega do Diploma.)

 

Prosseguindo, o Conjunto Musical “Os Araganos”, completará a sua homenagem com mais dois números musicais, ao conjunto Musical “Os Serranos”, agora, homenageados.

 

O SR. REPRESENTANTE DO CONJUNTO: Sr. Presidente, querido amigo Hermes Dutra, demais Vereadores presentes, amigos Serranos, senhoras, senhores, palavras, como disse o meu amigo Hermes Dutra, às vezes são difíceis de expressar o contentamento que a gente sente, quando um conjunto, como os Serranos, é homenageado, não por uma Câmara, mas sim por uma Cidade inteira. Nós todos, do interior, sentimos profundamente quando nos vimos amamentados por uma grande metrópole, como Porto Alegre, que nos acolhe de braços abertos, e que, além disso, ainda reconhece o que a gente faz, com tanto amor, com tanta garra, com tanta vontade, que é a música do Rio Grande do Sul. Nós “Os Araganos”, sentimos, ano passado, a mesma emoção que vocês sentem hoje, os nossos familiares, como os familiares de vocês, e eu acho que duas palavrinhas completariam o que nós, Araganos temos a dizer a vocês. Simplesmente vou dizer, para não me prolongar, eu acho que Porto Alegre inteira, o Rio Grande do Sul inteiro, o Brasil inteiro gostaria de dizer neste momento: obrigado por vocês existirem.

Uma música que nós gravamos neste último LP diz bem daquela luta que vocês e nós iniciamos há tantos anos atrás quando a época era de cabelos longos, de Beatles, Beatlemania e nós aqui no Rio Grande do Sul de bombacha e espora querendo cantar e encontrar um lugar ao sol. E graças a Deus encontramos todos nós. Então, nós gravamos este LP RS-AMOR. Ouçam bem.

 

(O Conjunto canta.)

 

E isto a Araganos e Serranos cantando com os Beatles, já viu? Mas nossa luta é esta, vamos enfrentá-la e seguir, como disse na outra vez que aqui estivemos e recebemos também esse Diploma, descendo essas escadinhas nem que seja de bengala, vamos continuar firmes na música do Rio Grande do Sul e nossos amigos e fãs, tanta gente que gosta de nós e da música do Rio Grande do Sul e que nos apóiam há tantos anos, bem como a vocês, Serranos. Tomara que vocês cheguem aos 20, 25, 30 e 50. Não vamos chegar aos 50, mas talvez vocês cheguem. Se chegarmos tudo bem.

Agora gostaria que todos vocês cantassem uma música aos Serranos. Uma música nossa, que é de vocês, do Rio Grande do Sul. Atualmente é quase o hino do Rio Grande do Sul: Céu, Sol, Sul, Terra e cor.

 

(A platéia canta.) (Palmas)

 

Não esqueçam, Serranos, que a amizade é comparada a um bom café: após esfriar perde todo sabor. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Câmara instituiu, de uns anos para cá, o Troféu Frade de Pedra para que, dando esse Troféu, pudesse, a Câmara, que representa a população de Porto Alegre, agradecer, em nome dessa mesma população, às pessoas que, de uma forma ou de outra,contribuíram para o engrandecimento de nossa comunidade. Historicamente, o Frade de Pedra traduz a hospitalidade rio-grandense, uma vez que representa o símbolo da fraternidade e das boas-vindas. Para passar às mãos dos Serranos o Troféu Frade de Pedra, esta Presidência eventual dos trabalhos abre mão de sua prerrogativa e solicita a um representante dos Araganos que passe às mãos dos Serranos o Troféu Frade de Pedra.

 

(É realizada a entrega do Troféu Frade de Pedra.) (Palmas.)

 

A seguir, com a palavra, o Sr. Edison Dutra, que falará em nome do Conjunto “Os Serranos”.

 

O SR. EDSON DUTRA: Prezados Senhores e Senhoras:

Os Serranos foi fundado por dois jovens, então com 15 e 17 anos, isto há 20 anos atrás.

Hoje á sustentado por cinco homens. Homens que, como músicos, preferiram a música gaúcha a qualquer outra, por mais bonita e evoluída que fosse.

Desde cedo se identificaram com seus ritmos, com seus temas e com o seu próprio estilo. Juraram, através da música, ser fiéis à bandeira tricolor e através de suas andanças têm levado esta mensagem de amor, de apego de valorização do pago rio-grandense. Já o fizeram e o fazem constantemente pelos quatro cantos do país e até no exterior.

Lembremos de algumas canções:

Novas andanças nessa minha vida de artista

Eu tenho feito buscando a integração

Peleando sempre por valores culturais

Que representam o potencial da tradição

Só tenho amigos nos lugares onde andei

Prá quem toquei os meus acordes de amizade

De alegria, de esperança e gauchismo

Ganhando aplausos recebidos sem vaidade

 

Levo comigo a bandeira do civismo

Sempre hasteada porque sou um brasileiro

Com o ideal de liberdade pela frente

Tendo na mente ajudar aos companheiros

Tenho a lembrança que outros pagos visitei

E a todos eles eu expresso gratidão

Porquanto penso que jamais esquecerei

As gentilezas que fizeram a este peão

 

Outras andanças tenho feito pelo pago

Levando a arte gauchesca sementeira

No brado firme deste peito rio-grandense

E no teclado da cordeona companheira

Sempre que posso os meus amigos eu abraço

E neles penso quando me paro solito

Pois na verdade dessa vida só se levam

As amizades e os amores pro infinito

 

Os Serranos sempre têm afirmado, por onde passam, de que o maior e mais significativo troféu conseguido ao longo de 20 anos de trabalho, é a gama imensa de amizades conquistadas.

Amizades puras, sinceras, alicerçadoras de uma vida que vale a pena ser vivida.

Nascemos em Bom Jesus, lá foi fundado o conjunto, mas foi em POA que escolhemos para viver e que nos acolheu de braços abertos, como tem feito a quantos gaúchos de outras querências que a procuram. Sempre generosa e hospitaleira. Aqui trabalhamos e vivemos há mais de 18 anos.

Hoje estamos felizes. Vivemos intensamente esta cerimônia. A Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre, numa iniciativa do brilhante vereador Hermes Dutra, nos destaca com a concessão deste maravilhoso prêmio Lupicínio Rodrigues. Isso nos envaidece e orgulha, o que sensibilizadamente agradecemos. Tenham todos a certeza inequívoca de que procuraremos merecer doravante, a concessão dessa honraria, não só com a nossa arte, mas sobretudo com nosso amor à causa rio-grandense nosso carinho cada vez maior a Porto Alegre, nosso respeito ao seu povo e nossa insistente e obstinada inclinação para o trabalho.

Obrigado, Vereador Hermes Dutra.

Obrigado, Dignos representantes desta Casa.

Obrigado, Padrinhos, Araganos.

Obrigado, convidados, amigos e colegas.

Obrigado, Porto Alegre.

 

O SR. PRESIDENTE: A seguir, dando um toque todo especial ao encerramento desta Sessão Solene, ouviremos o Conjunto Musical “Os Serranos”.

 

(Os Serranos fazem a sua apresentação musical.)

 

CONJUNTO “OS SERRANOS”: Como último número apresentamos a música que está no LP Bandeira dos Fortes, Bailanta do Tibúrcio, em agradecimento ao querido Ver. Hermes Dutra pela sua iniciativa.

 

(Fazem apresentação musical.) (Palmas)

 

O SR. PRESIDENTE: Disse Érico Veríssimo que a música é a linguagem universal, e aqui tivemos a prova, quando ouvimos, neste recinto, e agora, dois dos melhores conjuntos, senão os melhores conjuntos do nosso Brasil, claro Rio Grande do Sul, fazendo votos que estes dois conjuntos e, especialmente, o Conjunto homenageado “Os Serranos” continuem cantando e encantando.

Nós vamos encerrar a presente Sessão agradecendo, primeiro lugar, embora não possa ser muito ético, ao nobre Vereador Hermes Dutra que teve a felicidade de homenagear “Os Serranos”, o agradecimento aos Srs. Vereadores, aos Araganos, a quem eu peço uma salva de palmas, a todas as autoridades que abrilhantaram a nossa Sessão Solene, às senhoras e senhores o nosso muito obrigado, e a certeza de que a Câmara Municipal de Porto Alegre estará sempre atenta aos nossos maiores valores e procurará, tenho certeza, homenagear esses valores que realçam a nossa sociedade.

Estão Encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 19h50min.)

 

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